sábado, 25 de setembro de 2010

Debate com Marcelino Freire - Parque da Água Branca, S.P.

Debate descontraído com o escritor Pernambucano da cidade de Sertânia.




Já publicou diversos livros como "Era O Dito", "Angu de sangue" entre outros
Como relata um outro blogueiro sobre os contos de Marcelino Freire
"Os ratos, os vermes, os fungos, as cáries, as moscas, a rêmora, o abutre. A literatura de Marcelino Freire rasteja, caça, persegue, absorve e devora os restos da vida humana, num comensalismo antropofágico que se esbalda do melhor banquete de sobras, o submundo de qualquer metrópole. À Marcelino interessam os restos, as sobras, as sombras de nossa consciência varrida pela hipocrisia burguesa. Em Angu de sangue (Ateliê Editorial, 2005), Marcelino Freire põe à mesa o prato mais caro do banquete, cabeça de gente. Cabeça de piranha, cabeça de macaco, cabeça servida de miséria ao molho de sangue com de angu"  (Coelho, Guilherme.)

Influenciado por grandes escritores, desde muito cedo Marcelino já sabia o que queria para sua vida, e após ler um poema de Manuel Bandeira(outro "pernambucano arretado") "O Bicho" em um livro didático de seu irmão, como relatou durante o debate, decidiu qual seria sua verdadeira paixão, escrever.
De família muito humilde, Marcelino sempre buscou se melhorar, ser alguém como Manuel Bandeira, (ou até mesmo "ser ele" - Marcelino freire)
Durante o debate, Marcelino abordou temas como a miséria, o descaso e o modo medíocre que a "elite detentora do poder" trata a sociedade.
Como o próprio relata:  - "Sei que não vou virar um escritor Best Seller, pois não publico livros que ensinam como ganhar dinheiro..."   Marcelino tem a consciência e experiência de como é ser um escritor que não pode viver só de literatura, mas ainda sim, "briga" com sua editora para baratear seus livros, dando acesso à todo o público.
Aparentemente bom ouvinte, o escritor busca inspiração para seus contos em situações que vivencia durante seu dia, ouvindo os "causos" de pessoas diversas, lendo uma revista, anuncio, comercial de televisão etc, onde sempre que uma frase o desperta ele guarda em sua mente para mais adiante a transformar em um conto.
Marcelino considera seu modo de escrever como "Literatura como quem bate panelas..., escrevo para me vingar do que esta me aperreando" , isso fica bem claro em seu conto Muribeca - Angu de Sangue, (2005 ed. Ateliê Editorial) o próprio recitou seu conto:
".....Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajeitar, sentar. Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão. Até televisão. É a vida da gente o lixão. E por que é que agora querem tirar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças? Que não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem mais história, livro, desenho? E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular pela rua, roubar pra comer?E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou procurar tomate, alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar farofa? Fale, fale. Explique o que é que a gente vai fazer da vida? O que a gente vai fazer da vida? Não pense que é fácil. Nem remédio pra dor de cabeça eu tenho. Como vou me curar quando me der uma dor no estômago, uma coceira, uma caganeira? Vá, me fale, me diga, me aconselhe. Onde vou encontrar tanto remédio bom? E esparadrapo e band-aid e seringa? O povo do governo devia pensar três vezes antes de fazer isso com chefe de família. Vai ver que eles tão de olho nessa merda aqui. Nesse terreno. Vai ver que eles perderam alguma coisa. É. Se perderam, a gente acha. A gente cata. A gente encontra. Até bilhete de loteria, lembro, teve gente que achou. Vai ver que é isso, coisa da Caixa Econômica. Vai ver que é isso, descobriram que lixo dá lucro, que pode dar sorte, que é luxo, que lixo tem valor...."
Onde o autor descreve a fala de uma moradora do bairro muribeca, local onde são despejados os lixos da cidade de Sertânia, mesmo local que a prefeitura quer deslocar este lixão, criando um impasse entre prefeitura e moradores.

(Gostaria de falar mais sobre tal personagem, Marcelino freire, mas limito-me a escrever o que fora dito no debate, peço desculpas se passei alguma informação indevida, inapropriada e incorreta e agradeço se me corrigirem, afinal não sou escritora, lembrem-se sou Farmacêutica que gosta de escrever....é bem diferente!)



Marcelino freire e seus dois livros: "Era O Dito" e "Angu de Sangue"


Michele Sato - 25/09/10 SP

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