quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Aborto...

...e ali ficou deitada, sem mexer um músculo por vontade, e era tamanho o silêncio, que se quisesse, conseguia ouvir o pulsar do pequeno coração, forte mas ainda desritmado, pulsação seguindo pulsação. Pensava em nada, vagava o olhar sobre as cortinas leves que dançavam no tom que o vento soprava, mais uma vez seu olhar mudava de direção, passava pela penteadeira, espelho, sua poltrona no canto do quarto...
e parava novamente no ponto de partida, o teto.
Ele sem saber o que dizer, deitado sobre os seios dela, ansiava por uma palavra ...mas nada, nada além do gritante silencio que pairava no ambiente. Seus pensamentos, receosos por pensar que a estava perdendo, confundiam seu raciocínio, estatelando também seus movimentos.
E ambos ali estavam, e parados ficaram e por horas isso se seguiu...até que repentinamente, ela, num brusco movimento se atira da cama em direção ao banheiro, e o assusta, fazendo seu coração pulsar fortemente e cessar ao mesmo tempo. Ela em poucos minutos termina seu banho, se arruma, e sai porta afora, sem nem mesmo uma palavra.
 Ele, simplesmente pensa, só agora, que não deveria ter dito aquilo.

Michele Sato   27/09/10

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